Do laboratório ao copo: como nasce um cubo cristalino
Como a ciência transforma água em cubos cristalinos
O gelo não é acaso. A forma como congela determina se se torna puro ou se guarda dentro dele impurezas, bolhas de ar e microrganismos adormecidos.
Estudos realizados em Portugal mostraram que 41,9% das amostras de gelo em estabelecimentos não cumpriam os critérios microbiológicos para consumo humano. Em muitas delas, estavam presentes coliformes fecais, E. coli e até Salmonella. O frio não destrói estas bactérias: apenas as suspende, prontas a regressar quando o cubo começa a derreter.
Porque o cristalino é diferente
Um cubo opaco é resultado de congelação rápida, feita em blocos de água não tratada. O ar e os minerais ficam presos, criando fissuras, turvação e risco de contaminação.
O gelo cristalino exige outra lógica:
- Água controlada: filtrada, testada, livre de contaminantes.
- Congelação dirigida: lenta, de baixo para cima, expulsando ar e sólidos dissolvidos.
- Ambiente higienizado: máquinas limpas para evitar biofilmes, resíduos e cruzamento com outros alimentos.
“A diferença entre um cubo opaco e um cubo cristalino é a diferença entre acaso e ciência.”
Mais que estética
O gelo cristalino não é apenas bonito:
- Derrete mais devagar, mantendo a bebida equilibrada.
- Não altera o sabor porque não transporta odores, bolores ou bactérias.
- Eleva a experiência, seja num whisky raro ou num simples copo de água.
Fonte: Candeias, G.M.R. (2014). Qualidade microbiológica do gelo usado em estabelecimentos de restauração e de bebidas na cidade de Évora.
Dissertação de Mestrado em Segurança Alimentar e Saúde Pública, Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz.
Disponível em: Repositório RCAAP
Próximo capítulo: Pureza certificada — porque cada detalhe importa.